Estar aqui e ler a última postagem que fiz, não sei se o que me vem é sentimento de alívio por ainda estar aqui ou tristeza por ainda estar aqui.
Estou no meio de uma decisão difícil; qualquer caminho será difícil.
O perdão é realmente algo difícil quando estamos verdadeiramente magoados.
Perdoar é abrir mão do que se está sentindo, na esperança de que algo melhor virá.
É preciso se convencer de que aquela resposta emocional de se agarrar à mágoa toda vez que a memória é provocada não vai te levar a lugares de paz.
É difícil, pois tudo isso funciona no automático, e perdoar é um esforço ativo e consciente. E, como toda ação, exige energia — uma energia difícil de reunir quando já estamos cansados de tanto sofrer.
Estou exausta; está difícil pensar com clareza, está difícil decidir com muita certeza.
Acredito fortemente que hoje sou mais forte do que a pessoa que escreveu o último texto, mas também sinto que sou muito mais cansada e com o estoque de tolerância reduzido.
Me sinto, de certa forma, embotada, como se não tivesse sentimentos, ou se os tivesse tão bem arquivados na estante que não me atrevo a ir mexer neles.
Às vezes choro copiosamente; às vezes me sinto impassível diante dos acontecimentos.
E eu não sei dizer se isso é maturidade e autocontrole, ou somente um distanciamento tóxico e covarde de pura autopreservação.
Como elencar as necessidades que você quer que sejam satisfeitas com as necessidades que você mesmo precisa satisfazer? Ninguém é autossuficiente, não se vive em uma ilha, mas existem limites a serem definidos.
Essa vida tão autorreflexiva, tão autodelimita, é a primeira vez que estou me vendo praticamente obrigada a encarar. Não sei nem por onde começo. Um tempo atrás, achava que a vida era um fluxo constante e que tudo se encaixaria em determinado momento. Hoje, me vejo procurando as peças, no ambiente mal iluminado, para montar um cenário e descobrir que porra está acontecendo.