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domingo, 12 de setembro de 2010

Viver. Um folhear de Revista.

Consultórios que se prezem, sempre dispõem de algumas revistas para que os pacientes olhem enquanto aguardam a sua consulta.

Foi em um típico consultório desses, um que tive que ir no meio da semana, nesses dias que quando olhamos o relógio a hora já passou e não sabemos onde foi parar, foi assim que cheguei a uma comparação.

Estava sentada em um sofá fofinho, convencida que chegaria atrasada no emprego, que levaria um desconto na folha de pagamento e uma chamada da minha chefe.

Peguei uma revista pra ler, a primeira que vi e a mais próxima, folheei, meus olhos se atentavam aos grandes anúncios e as fotos coloridas, das matérias lia apenas os títulos e nada era interessante o suficiente pra prender a atenção e distrair.

Coloquei a revista de volta na mesinha de centro, dei um suspiro pra oxigenar o cérebro e acalmar, caso contrário iria morder a dentista.

Voltei as revistas e peguei outra, escolhi uma que me pareceu interessante. Folheei um pouco mais devagar que a primeira, mas logo vi que nada ia ter ali que me interessa-se, afinal somente a peguei por ser grande, de um papel mais grosso dando uma ar de luxuosa, mas falava sobre golfe e equitação, nada que estivesse perto da minha realidade. De vez em quando passam garotos montados em cavalos magros e sem a cela, aqui pelas ruas do bairro, mas meu contato com esses animais nunca passou muito disso. Logo essa revista foi parar junto à primeira.

Decidi fazer uma escolha mais assertiva, e comecei a prestar atenção às capas e nas matérias, e enfim, encontrei uma que tinha uma entrevista com o Johnny Depp , essa eu só não li como arranquei as páginas pra terminar de ler em casa e ter umas fotos do Johnny pra mim.

Mas, que comparação foi essa da qual falei no começo do texto?. Afinal até agora só contei como foi meu dia. Enfim, cheguei a conclusão que não há muita diferença entre a vida e um folhear de revistas.

Acho que funciona mais ou menos assim, quando somos jovens, não ligamos muito naquilo que levamos conosco, tendemos a pegar o que está mais próximo, o que os amigos nós trazem e o que vemos nos lugares costumeiros por onde passamos.

Depois de uma certa idade, se tudo der certo, começamos a buscar outras coisas, que julgamos diferentes, que achamos atraentes, e que principalmente, a maioria também ache, e assim nos sentimos bem e integrados a sociedade.

Até que chega o dia que você olha pra tudo aquilo que andou pegando pelo caminho, eu desejo que esse dia chegue pra todos, e decidi que é hora de selecionar e só levar o que realmente importa.

Bem, acho que quando chegamos aqui, podemos dizer que nós conhecemos um pouco e deixamos de ser somente mais uma revista no meio de um monte de revistas dispostas em uma mesinha de centro.

Alguém vai arrancar um pedacinho de nós e levar consigo, pois é assim que acontece quando encontramos alguém que já passou por toda essa seleção e sabe o que quer e onde vai, se tornam pessoas inspiradoras que nós fazem prestar atenção e pensar em coisas como essa pequena metáfora.

Já arranquei páginas de muitas pessoas, e desejo arrancar mais, tanto dos conhecidos como dos que ainda vou conhecer.

E se um dia, uma pessoa arrancar uma das minhas páginas, ficarei honrada e saberei que tudo valeu a pena.

Por Ranielelee
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