
Sofria porque gostava, era uma verdade que ecoava no fundo de sua mente e transbordava pelas laterais de seus olhos.
Gostava demais, e por assim ser seu sentimento, já havia se declarado, indo além disso, já havia se entregado, e se disponibilizado.
Se apaixonou com um beijo inesperado no banco de trás de um carro, e até hoje o feitiço pulsava em suas veias e plantava sonhos bobos em seu coração.
Era frustrante não tê-lo por inteiro, e por isso aceitou a metade que lhe foi oferecida.
Por não conseguir matar seus sonhos e desejos, os prendeu na última gaveta e os deu por esquecidos.
Aceitou a proposta, um acordo com limites bem definidos e tudo o que poderia fazer e principalmente o que não poderia.
E assim foi, diversas vezes, em diversos lugares, diversas noites.
Era incrível enquanto durava e terrível quando acabava.
Não olhou mais para gaveta, pois assim, sem lembrar do que tinha lá dentro, desempenhava melhor seu papel.
E seguiu contando os dias e as horas pra chegada da próxima vez, e quando chegava vivia como se fosse verdade.
Mas um dia não foi possível distinguir o real do ilusório e comprometeu a relação, tão claramente pré estabelecida.
E agora, trairá aquilo que nunca existiu e perdeu aquilo que nunca teve.
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