
A pia estava cheia de água e sabão, os restos de comida da louça lavada estavam parados no ralo, impedindo o liquido de descer mas, Carol não estava se importando com a água parada dentro na pia, ou com o encanamento que poderia entupir, não se preocupava com nada disso, estava relembrando seu romance, nesses momentos seu pensamento parava.
Ouviu o celular tocando, mas não se deixou animar, sabia que não era ele, refletiu por um momento e lembrou porque o celular devia estar tocando, eram 7h00, horário do despertador. Retirou o ralo da pia e deixou que a água levasse a sujeira e tudo mais, gostaria que sua vida fosse tão fácil assim, somente deixar tudo ir embora, como uma pia esvaziando.
Andou vagarosamente até seu quarto o celular estava vibrando e tocando em cima da cabeceira, Carol desligou o alarme, fitou o aparelho, já havia perdido as contas de quantas vezes ouvira o celular tocando, fosse chamada ou fosse mensagem de texto, corria desesperadamente para atender, desejando que fosse ele do outro lado ou o autor da mensagem, e nunca era a maioria das vezes era publicidade da sua operadora.
Após tudo que havia acontecido, Carol havia apagado o número de celular dele da agenda, mas de nada adiantava, pois tinha decorado o número, e achava que nunca ia conseguir esquecer, assim com sua própria data de aniversário.
Esquecer, era isso que Carol tentava, já haviam se passado 2 meses, e ela não tinha esquecido, se sentia uma completa idiota, não se reconhecia mais, onde estava a Carol que era tida como uma heroína para toda a sua família que morava longe, a Carol, filha da Dona DuCarmo, a Carol que foi estudar na faculdade pública e morou em uma república sozinha durante todo o tempo, a Carol que agora tem um bom emprego, uma profissão e mora sozinha, independente, corajosa, focada. Onde esta a Carol?
A resposta era que a Carol estava ali sentada, e a única coisa que conseguia fazer era pensar em um homem que ela tinha certeza, não estava pensando nela. Ao imaginar essa resposta, deitou-se, agarrou o travesseiro e chorou, começou a mordê-lo de raiva, pois não queria chorar, sentia-se doente, viciada, algo incontrolável que não ia embora, e assim chorando adormeceu e sonhou.
Estava na recepção do GrandRio Hotel, havia demorado muito escolhendo uma roupa, não queria parecer profissional demais, nem queria parecer sexy, por fim escolheu uma saia longa rodada, azul claro e uma blusinha branca sem mangas, lembrava a professora da novela Carrossel, foi o que pensou ao se olhar no espelho da recepção do hotel, deu um sorriso para si mesma e ouviu a recepcionista dizer que poderia subir, 4º andar, quarto 45.
Olhou-se vária vezes no espelho do elevador, parecia querer conferir se olhos, ouvidos, nariz e boca estavam em seus devidos lugares, sentiu um frio no estômago ao chegar em frente a porta em que havia o número 45, respirou e bateu suavemente. A porta se abriu e uma voz já conhecida lhe disse:
- Você veio, que ótimo. Vamos entre.
Carol em menos de um segundo, deu uma olhada no quarto, era um quarto de hotel normal, possuía um cômodo grande e um banheiro, havia uma cama de casal, uma mesa redonda com três cadeiras e um sofá de três lugares de frente para uma televisão, e muitas malas e roupas espalhadas, nada de suítes luxuosas como se imagina que todos os artistas ficam. Então não resistindo disse num tom de sarcasmo:
- Ué, achei que estava na suíte do hotel, dizem que é linda.
Ouviu a resposta no mesmo tom:
- Estou sim, mas tenho o costume de alugar quartos normais, para receber as visitas.
Os dois se olharam e riram juntos.
Vítor parando de rir disse:
- Então, não ligue para a bagunça, isso é o que a minha condição permite, sinto muito desapontá-la.
Carol, achando que fora um erro o que havia dito, disse num tom de quem tenta consertar algo.
- Não, imagina, estava brincando.
Vitor num tom de quem não tinha mágoas:
- Que é isso, adoro senso de humor. Mas, por onde começamos ?
Carol que havia trazido sua bolsa caminhou até a mesa redonda colocou-a em cima e começou a retirar o que ia usar, Vítor se aproximou e por trás de seu ombro, espiava o que tinha na bolsa, quando viu seu aparelho de MP3, perguntou:
- Posso ver?
Carol, entendendo a que Vítor se referia, disse:
- Sim, pode.
Vitor ligou o aparelho, explicando que tivera um igual e acessando a PlayList, começou a ler em voz alta as músicas que Carol possuía.
- Estou vendo que gosta de Elvis, legal.
- Sim, minhas preferidas. Mas vamos começar, já peguei o que precisava.
Continua .....
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