Proibido - 2º Parte

Endireitou-se, será que tinha entendido certo, no mesmo momento em que tentava assimilar a resposta da garota, o trem chegou a estação, deslocando o vento e movimentando os cabelos de Cintia levemente.

"Você esta de brincadeira, não?" Perguntou num tom contrariado, será que a garota queria tirar uma com a sua cara.

"Não, não estou brincando, tem algum problema com isso, professor ?"

O trem parou na estação e o som do ar comprimido saindo dos freios pode ser ouvido.

"Eu não sou professor, isso era talco"

As portas abriram e Cintia entrou displicente

Roberto entrou logo após, a garota estava sentada ao lado da janela, olhando para a linha do horizonte, sentindo-se como se houvesse feito algo errado, não soube se decidir se sentava ao lado dela ou noutro lugar, ou mesmo se ficava ali parado.

As campainhas do fechamento das portas apitaram e piscaram, o trem deu um solavanco fazendo Roberto desequilibrar, a garota o olhou e sorriu convidativamente, ele então se apoio nas barras e sentou-se ao seu lado.

"Então, sem ofensas, mas não é natural mulheres contarem... sabe.... fazerem isso... ah você deve entender ... " Calou-se por não saber como explicar algo que não sabia explicar.

"Sim, entendo, mas eu trabalho diferente"

"Como assim diferente, quero dizer, todas fazem as mesmas coisas, não ?" Ao fim da frase Roberto pensou que conversa estranha era aquela.

"Ah sim, isso sim, quero dizer que trabalho por conta, não sou agenciada, não tenho um cafetão, nem fico nas esquinas como você deve estar imaginando"

Roberto sentiu-se surpreso, era exatamente esse o cenário que estava criando em sua mente, com direito a saia curta e meninas debruçadas sobre os vidros das portas dos carros, combinando preços.

"Como é que você trabalha então?" Perguntou num tom de curiosidade infantil.

"Sou independente, pode me chamar de autônoma, tenho um blog, recebo clientes através dele, meus clientes me indicam para outros clientes, e assim vai, recebo até pagamento parcelado" Um tom de mulher bem sucedida era perceptível.

"Nossa. como as coisas evoluiram né"

Não resistindo emendou

"E assim, como funciona o pagamento, quero dizer, é por hora ?"

"Porque, o professor ficou interessado?"

Roberto não ligava mais de ser chamado de professor.

"Não, não é isso, é só curiosidade" Disse a frase com o melhor tom de naturalidade que conseguiu.

Ela o olhou e se espreguiçou. Ele pode ver sua blusinha regata colada ao corpo, deliniando os seios.

"Olha, eu não acredito que você seja uma .... "

"R$ 200,00 por hora" ela o interrompeu

"Ca..ra..ca.." Disse automaticamente

"Estou com o horário disponível agora" respondeu consultando o visor do diminuto celular

"Conheço um lugar perto da próxima estação" Disse novamente no automatico

As portas do trem de abriram

"Vamos" ela perguntou se pondo de pé

"E... vamos" ele também se levantou